4 de jan. de 2017
Por Nathália Bastos

A Visita Cruel do Tempo/ Jennifer Egan

Título: A Visita Cruel do Tempo
Autora: Jennifer Egan
Gênero: Drama/Romance
Editora: Intríseca
Páginas: 333
Avaliação: 4/5
Sinopse: Bennie Salazar é um executivo da indústria musical. Ex-integrante de uma banda de punk, ele foi o responsável pela descoberta e pelo sucesso dos Conduits, cujo guitarrista, Bosco, fazia com que Iggy Pop parecesse tranquilo no palco. Jules Jones é um repórter de celebridades preso por atacar uma atriz durante uma entrevista e vê na última — e suicida — turnê de Bosco a oportunidade de reerguer a própria carreira. Jules é irmão de Stephanie, casada com Bennie, que teve como mentor Lou, um produtor musical viciado em cocaína e em garotinhas. Sasha é a assistente cleptomaníaca de Bennie, e seu passado desregrado e seu futuro estruturado parecem tão desconexos quanto as tramas dos muitos personagens que compõem esta história sobre música, sobrevivência e a suscetibilidade humana sob as garras do tempo.

“O tempo é cruel, não é? Não é assim que se diz?”        


         Temos aqui um vencedor do prêmio Pulitzer, uh? Bom, pra começar, tenho uma informação muito importante: são muitos personagens, rs. Em alguns momentos fiquei confusa com quem era quem e quem era o quê de quem (confuso, hein, rs), no momento da leitura até cheguei a fazer uma lista com os nomes dos personagens e informações importantes, não lembro a quantidade exata, mas eram cerca de 35 personagens (ou mais). Mas, de qualquer forma, amei a escrita da Jennifer Egan, é o primeiro livro dela que leio e espero ter a oportunidade de ler outros, a sua escrita sempre foi elogiada e reconhecida pelos mais diversos quadrantes da crítica literária e pelos leitores em geral. Foi finalista do National Book Award em 2001, e ganhou o prêmio Pulitzer em 2011 com esta obra.

“Eu me pergunto isso o tempo todo... o que vai acontecer depois diz Kitty. Às vezes me imagino olhando para trás, para este momento de agora, e penso: onde vamos estar quando eu olhar para trás? Será que o agora vai parecer o início de uma vida incrível ou... ou o quê?”

         A Visita Cruel do Tempo conta várias histórias que são interligadas, ou seja, em algum momento os personagens irão se encontrar ou fazer parte da história do outro. E na escrita há a troca constante de narrador, o que confunde algumas vezes. Mas depois dá para fazer uma releitura em ordem cronológica.

“Guardar segredos mata.”

         Começando com a história de Sasha, a qual achei muito interessante (se não a mais interessante de todas), e com o decorrer da história ficou MUITO mais instigante, com todo o seu histórico de drogas, fugas, roubos, tentativas de suicídio, prisões, etc, e o fato dela ser cleptomaníaca (distúrbio psicopatológico que faz com que a pessoa roube coisas diversas sem muita consciência ou necessidade). Logo no primeiro capítulo achei muito legal a conexão que a autora consegue fazer com o passado e a conversa de Sasha com Coz, seu terapeuta, a autora consegue inserir numa conversa que acontece no presente alguns fatos do passado.

“Imagino algo como um Juízo Final diz ele com os olhos pregados nágua. A gente vai sair do nosso corpo e tornar a se encontrar em forma de espírito. Vai se encontrar nesse lugar novo, todo mundo junto, e no início vai parecer estranho, e logo depois a possibilidade de perder alguém ou de se perder é que vai parecer estranha.” 

         Temos também a história de Bennie Salazar, o ex-patrão de Sasha, um executivo da indústria musical, ex-integrante de uma banda punk, que sofre de disfunção erétil. A história dele e da sua “galera” na infância/adolescência nos traz um mundo de drogas, sexo e Rock N’ Roll, com direito também à amores não correspondidos (Rhea gosta de Bennie, que gosta de Alice, que gosta de Scotty, que não sei de quem ele gosta, mas quem nunca passou por isso, né?), isso tudo enquanto uma outra integrante desse grupo adentra num mundo completamente diferente, Jocelyn, que se envolve com Lou, um produtor musical promíscuo e mais velho do que ela. No meio disso tudo temos a história de Rolph, filho de Lou, que eu queria saber mais sobre (aqui vocês ficam curiosos querendo saber o porquê, haha). 

 “O mundo na verdade é imenso. Essa é a parte que ninguém consegue explicar totalmente.” 

         O ponto mais alto da história de Jennifer é o fato de ela conseguir correlacionar todos os personagens, todos tem uma conexão direta ou indiretamente. Quando terminei a leitura, onde Lulu apresenta seu noivo, Joe, relembro do capítulo 4 onde Joe aparece como neto de um guerreiro negro. Temos também a participação rápida de Mindy, uma das mulheres de Lou, que dará 2 filhos para ele, e o que mais gostei foi de imaginar o que teria acontecido com ela se ela fugisse com Albert e tivesse deixado seus medos para trás?

"Assim como todos os experimentos fracassados, esse me ensinou algo que eu não esperava: um dos ingredientes-chave da chamada experiência é a fé ilusória de que esta é especial, e de que os que dela participam são privilegiados e os excluídos estão perdendo alguma coisa.” 

         Uma parte que realmente marcou: observar Lou, após o 2º derrame, entubado, e Rhea e Jocelyn o observarem com pena, e até com desprezo e desejo de morte, da parte de Jocelyn. Temos também no capítulo seguinte Scotty visitando Benny, que o trata de forma totalmente indiferente. E percebi como não somos nada diante do tempo que passa rapidamente.

 “A fronteira entre pensar em uma pessoa e pensar em não pensar nessa pessoa é bem tênue, mas tenho a paciência e o autocontrole necessários para passar muitas horas caminhando sobre essa linha – dias, se preciso for.” 


         O capítulo que retrata Stephanie e Bennie numa cidade nova e a tentativa de Steph de se integrar nesse mundo novo, suportar pessoas e se encaixar em coisas que ela não faria normalmente me fez pensar em coisas que geralmente fazemos para sermos aceitos na sociedade. E Jules (história interessante), que tentou estuprar uma estrela de cinema? A cena deles no parque foi incrivelmente bem escrita!! E o que dizer sobre Rob? Queria também saber mais sobre sua história.

         O sentimento que pairou no ar enquanto li essa história foi: saudosismo. Acabei lembrando-se de coisas que eu fazia e hoje não faço mais, o modo que eu me comportava, hábitos, ideais e princípios. Podemos também considerar uma nostalgia, já que há a saudade de um tempo que já passou. O tempo passa rápido e faz com que cada um de nós trilhe por um caminho diferente, já parou pra pensar onde estão os seus amigos de infância? Você pode se surpreender com as respostas. “Um dia desse você tinha sete anos de idade...”

         Pra finalizar, a história de Sasha casada com Drew Blake foi bem chatinha, e sobre as pausas de Linc e os gráficos de Ally, chatos também. No final, achei legais as variáveis que Alex monta para bolar um sistema para selecionar os papagaios cegos, final recheado de corrupção e o amor por Rebecca e Cara-Ann. Achou-se a resenha confusa, bom... O livro também é, haha. Minha nota foi 4!

 “O tempo é cruel, não é? Vai deixar ele intimidar você? Scotty balançou a cabeça. – O tempo venceu.”


Post feito pela Lizi Reis.


Post válido para Top Comentarista de Janeiro 

Comentários via Facebook

13 comentários:

  1. Oi,sinceramente assim que li a sinopse não entendi absolutamente nada. Fiquei muito confusa!
    E Sei que gostou do livro,mas creio que não o leria.
    Tenho uma grande dificuldade em decorar nomes. E quando leio livros assim, chega um momento que vou lendo sem nem tentar entender.

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    1. Eu te entendo, hahaha. Também tenho essa dificuldade, geralmente preciso anotar os nomes para não me perder, e nesse livro eu realmente precisei! Para lê-lo é preciso uma dose extra de paciência e concentração, rs.

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  2. Oii Lizi!!
    Eu adorei sua resenha, parabéns!
    Estava curiosa pra saber um pouco mais desse livro, conhecia meio por cima só...
    Já qro!
    Capa linda e enredo perfeito!
    Bjs!

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    1. Olá, Aline! Muito obrigada ❤
      A capa é realmente muito linda!! E o enredo bem instigante. Beijooo 😘

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  3. Oi Lizi...
    Confesso que adorei sua resenha, mas fiquei um tanto quanto confusa... Rsrs... Apesar disso, acho que vou dar oportunidade a essa leitura, afinal é um livro que ganhou um prêmio Pulitzer... Só acho que é uma leitura que deve ser feita em um momento tranquilo e precisa se prestar muita atenção nela pra não perder em meio a tantos personagens...
    Beijinhos...

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    1. Hey, Cris! Muito obrigadaaa ❤
      O livro em si é meio confuso, haha. Quero saber depois o que achou da leitura!! E sobre o prêmio: rolou uns atritos e contradições interessantes na época. Beijosss 😘

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  4. Oi Lizi.
    Eu queria muito ler esse livro. Achei a sinopse bem interessante e intrigada.
    Nossa. 35 personagens? Deve ser difícil acompanhar quem é quem, com quem estão relacionados, se é passado ou futuro, etc. Mas mesmo assim, parece ser um livro incrível.
    Espero ter a oportunidade de ler o livro em breve.
    Achei a capa muito bonita! Combina com a história.

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    1. Muito difícil mesmo, Pamela! A capa é bonita mesmo e o enredo incrível!! Espero sua opinião depois que ler *-*

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  5. Oi, Lizi!!
    Menina que livro mais confuso!! Olha que só li a resenha dele!! Achei muito confusão e personagens demais para um livro só. Por isso não tenho nenhuma vontade de ler esse livro. Parabéns pela resenha ela é ótima.
    Beijoss

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    1. hahahaha, bem isso, Marta! Mas é uma leitura que vale a pena, apesar da confusão faz você pensar na vida, relembrar, etc...
      Muito obrigada *-*
      Beijão!

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  6. Miga que bom que a leitura não foi uma perda de tempo, mas olha esse livro ele me perdeu no momento que você falou que teve que fazer uma lista pra poder se orientar entre os vários personagens, eu vou dizendo logo que não tenho muita paciência pra isso e provavelmente a leitura seria intediante pra mim. Obrigada pela resenha.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Pois é, eu também não tenho muita paciência para isso, mas por conta do enredo eu terminei a leitura e gostei muito!! Valeu a pena! Muito obrigada a você *-*

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