9 de ago. de 2018
Por Hugo Vinicius Pereira

"Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo!" Pô... pra quê?

Nhé...

Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo! (2018) estreou no último dia 2 de agosto e é o típico filme para ir ver com a sua Tia Cremilda, mas preciso dizer que dessa vez acho que nem ela vai gostar...


Pois é, doa a quem doer, eu gosto de musicais. Acho quando eles conseguem não ser bregas e toscos, acabam sendo opções muito divertidas de cinema - afinal, quem não gosta de música? Recentemente nós tivemos o ótimo La La Land (2016) mostrando a força de um musical bem feito junto com Moana (2016), Viva - A Vida é uma Festa (2017) e  todos os filmes da Disney que todo mundo gosta e são sempre musicais fazendo sucesso por aí - então nem vem dizer que não gosta de musical se canta o Ciclo sem Fim juntinho quando assiste o Rei Leão!

Lá em 2008 o primeiro Mamma Mia! chegou adaptando para os cinemas a famosa peça musical da Broadway que teve sua primeira montagem ainda no ano de 1999. Para dirigir o filme, ninguém melhor do que a co-criadora da história e quem também dirigiu a maioria das encenações da peça até ali: a diretora Phyllida Lloyd. Naquela oportunidade, a diretora mostrou uma competência incrível ao fazer de um musical repleto de exageros e com um elenco absolutamente estrelar, um filme agradável e divertido que conseguia, ainda, ser memorável. As músicas do grupo setentista sueco ABBA dão o tom de uma história leve e emocionante sobre a importância das laços familiares - sanguíneos ou não - que foi capaz de crescer com o tempo e nos faz cantar e relembrar mesmo 10 anos depois.

Infelizmente não é a mesma qualidade que encontramos na continuação Mamma Mia: Here we Go Again (no original). No primeiro número musical do filme eu - que não sabia que havia tido troca de diretores - percebi que provavelmente a direção estava nas mãos de outra pessoa. E estava. O novo diretor, Ol Parker (de Imagine Eu & Você, 2005) até entende bem de cores e da fotografia que ressalta as belíssimas paisagens mediterrâneas do longa, mas quando se trata de diálogos e de números musicais - que deveriam ser o principal de um filme assim - Parker derrapa feio na breguice e no constrangimento.

O enredo do filme não vai muito além de ser uma grande desculpa para reunir o elenco original usando a músicas do ABBA que sobraram do primeiro. A trama trabalha com uma melancolia sempre presente a respeito da morte da personagem de Maryl Streep - força motriz de tudo que se passa na obra -  que destoa um pouco de todo o resto. Não há o timming nem cômico nem musical do filme de 2008, e as músicas começam e acabam sem muita fluidez, causando uma certa vergonha alheia em quem está assistindo. O elenco novo se esforça, mas não tem o carisma dos veteranos - mesmo a linda Lily James que faz o possível como jovem Meryl Streep não chega no tom certo da personagem - e estes veteranos estão, posso dizer, veteranos demais para serem poupados do constrangimento em algumas cenas - Sr. Pierce Brosnan dançando, eu estou falando com você.

A história de como Donna se envolveu com os três potenciais pais de sua filha não empolga, o drama entre Sky (Dominic Cooper) e Sophie (Amanda Seyfried) é simplesmente ignorado no meio da história e as personagens de Colin Firth (Harry), Jolie Walters (Rosie), Pierce Brosnan (Sam), Stellan Skarsgård (Bill) e Christine Baranski (Tanya) estão lá para cumprir a ingrata função de nos deixar com saudades do primeiro longa. Os melhores clipes são os que usam as músicas já aproveitadas antes - destaque para I have a Dream com Lily James e Amanda Seyfried que de fato funciona - e no fim resta o sentimento de que este filme não precisava ter sido feito - até porque a presença de Meryl Streep faz uma falta danada.

Antes de concluir, preciso falar das peculiares participações especiais. O consagrado Andy Garcia (de O poderoso Chefão Parte III) zanza sem função nenhuma o filme inteiro até a chegada da atriz e cantora Cher ao final, que chega única e exclusivamente para protagonizar com Garcia um dueto constrangedor da música Fernando - e assim, completar os greatest hits do ABBA - que de tão estranho, arranca gargalhadas.

No fim, Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo não chega a irritar, mas também não é bom. Se tiramos alguma coisa boa dali talvez seja a nostalgia do primeiro e a vontade de revê-lo assim que levantamos da poltrona da sala escura. Uma pena, sem dúvidas.

Coeficiente de Rendimento: 2/5


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